Os primeiros resultados de uma nova pesquisa científica mostram que mais de 62% das áreas urbanas da região entre Tijucas e Garopaba estão sob risco de inundações nas próximas três décadas. A pesquisa de pós-doutorado é realizada pelo geógrafo Luiz Pimenta, do Projeto Raízes da Cooperação, por meio da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Os dados apontam alta vulnerabilidade das planícies da Grande Florianópolis em sofrer com inundações costeiras e aumento do nível do mar. Segundo os modelos usados na pesquisa, o aumento do nível do mar ao longo da costa de Santa Catarina aumentará, em média, de 0,25 a 0,30 metros nos próximos 30 anos (2020 – 2050).
“A subida do nível do mar criará uma mudança profunda nas inundações costeiras durante os próximos 30 anos, fazendo com que as alturas das marés e das tempestades aumentem e cheguem mais ao interior. Até 2050, prevê-se que as inundações “moderadas” (tipicamente prejudiciais) ocorram, em média, mais de 10 vezes mais frequentemente do que hoje, e podem ser intensificadas por fatores locais”, alerta o pesquisador.
A subida do nível do mar vai variar regionalmente ao longo da costa da região Sul devido às mudanças na altura da terra e do oceano. O mapeamento quanto à inundação costeira da Região Hidrográfica Litoral Centro, equivalente a 5.299 km², identificou que 18,66% dos terrenos estão em áreas sujeitas à inundação brusca e gradual.
“Em relação ao cenário de risco, aproximadamente 62,30% das áreas urbanas estão sob risco de inundações”, ressalta Pimenta. As cidades que compõem as planícies costeiras da área citada são Paulo Lopes, Palhoça, São José, Florianópolis, Biguaçu, Tijucas e Garopaba.
Planícies da Grande Florianópolis sofrerão mais impactos com inundações
Já na escala das áreas de planícies, que correspondem a 978 km², o risco é ainda maior. Mais de 76% do território está em risco de inundação devido a eventos climáticos extremos, associados às chuvas e marés de sizígia.
“Com os cenários de subida do nível do mar e chuvas extremas, é importante destacar que, da área total da planície, pelo menos 40,51% será inundada com maior amplitude e frequência da maré nos próximos anos. O mapeamento identificou que 21,5% das áreas urbanas estão vulneráveis aos eventos de inundação”, diz.
As planícies costeiras, no entanto, foram consideradas áreas críticas, com alto risco de inundação em cotas que variam até 5 metros. Por isso, foram identificadas como prioritárias para a conservação e amortecimento dos efeitos da elevação do nível do mar.
“O mapeamento identificou 276,78 km² como áreas prioritárias para a reabilitação de manguezais e de transição, o que corresponde a 69,8% do território. Atualmente 21,6 % das áreas já se encontram urbanizadas”, finaliza o pesquisador do projeto Raízes da Cooperação.
A pesquisa revela a necessidade de priorizar a reabilitação de áreas de manguezais e de transição, como restingas por exemplo, de mais de 60% do território das planícies.